Longe de mim, o sono, que espero chegue a qualquer momento.
Longe de mim o tempo de sentir que tudo está bem.
Perto, a poucos metros de mim, estás, sei, sinto, oiço quando respiras.
Imagino teu corpo, recordo o teu coração, o teu sorriso que era meu, o olhar, a boca e o sabor, teu, meu.
Confundi o espaço, o cérebro, o sentimento, não era igual ao meu.
Perto, estive perto de realizar o sonho, acordei antes de tempo, não terminei de sonhar, tudo se rompe, nada era meu,teu.
Falso brilho no olhar, sorriso que já não me ofereces, não sei o teu cheiro, nem a que sabe, a boca, tua, que alguém beija, que apenas me toca, de leve, ritual que me cansa, me lembra o que não tenho, o que perdi,o que desejo.
Sem poder escapar, aqui estou, nesta espera diária que me traz insónia, cada noite, espero o sono chegar.
Espero que voltes, que me faças sentir.
Espero, apenas isso, sem mais, porque sei que se vou, se acordo desta espera, não te verei jamais.
Espero, ainda não estou preparado para dormir, para acordar.
Insónia que me atordoa o pensar, que labirinto mental emocional.
Que cegueira me envolve, que escolho não ver, sabendo que sim, minto a mim mesmo e digo me que tenho sono, que vou dormir e amanhã será diferente.
Paulo Marrachinho Soares