domingo, 5 de maio de 2024

Tempo

Falta o tempo que antes parecia muito.
Falta o tempo que passou.
Tanto por fazer e nem sequer consigo dormir, deveria estar cansado e na verdade estou, mas da falta de tempo ou da minha incapacidade de gerir i tempo que tenho.
Quanto tempo tenho? De idade, de vida realmente vivida, desperdiçada ou agarrada.
Quanto tempo ainda terei.
Tempo que me falta para ter tempo para tudo.
Que é tudo? Será muito ou pouco do que penso.
Falta tempo para palavras, falta tempo para fazer.
Que tempo falta para deixar de estar preso ao tempo.

Filosofia da minha incapacidade de ganhar tempo.

Paulo Marrachinho

sábado, 4 de novembro de 2017

Obrigado J

As pessoas que passam pela minha vida ou eu pela delas, são bastantes, algumas recordo, outras não, o mesmo deve acontecer a essas pessoas que se cruzam comigo de alguma forma.

Nestes últimos anos, muita gente nova, digo nova, uma vez que são novos em idade.

Alguns destes seres, vejo crescer, outros, nem por isso.
Entendo os que tentam sobressair de alguma maneira no meio social em que se inserem, na verdade, hoje em dia se não te destacas em nada, não existes, passas a segundo ou terceiro plano.

A comunidade é exigente, por culpa das nossas próprias escolhas.

É bonito essa história de sermos todos iguais, mas no fim, uns são mais iguais que outros, então começa a realidade.

Gostei de saber que alguém escolheu por si e para si.

Desistir é para os fracos, dizem muitos.

Na verdade, muitas vezes desistir é ir de encontro ao que realmente se quer.

Pouco falei com esta pessoa, que prefere outro caminho, mais tarde, a fazer agora um com o qual não se identifica.
Apenas lhe pude dar os parabéns, por ter tido coragem de desistir, do curso em que estava, para ser ela mesma, sem ter de agradar a ninguém, excepto ela.

Simpática, inteligente e pequena de altura mas enorme de coração, em pouco tempo ensinou me mais do que pessoas que conheço há muito mais tempo.

É a segunda pessoa que faz este tipo de escolha, uma conheci melhor, esta menos.
Apenas sei que a vou recordar.

De Marketing para Biologia, vai uma diferença, sei que conseguirás.

Obrigado pela paciência e tempo.

Até um dia

Paulo Marrachinho

sábado, 14 de outubro de 2017

Perto

Longe de mim, o sono, que espero chegue a qualquer momento.
Longe de mim o tempo de sentir que tudo está bem.

Perto, a poucos metros de mim, estás, sei, sinto, oiço quando respiras.

Imagino teu corpo, recordo o teu coração, o teu sorriso que era meu, o olhar, a boca e o sabor, teu, meu.
Confundi o espaço, o cérebro, o sentimento, não era igual ao meu.

Perto, estive perto de realizar o sonho, acordei antes de tempo, não terminei de sonhar, tudo se rompe, nada era meu,teu.
Falso brilho no olhar, sorriso que já não me ofereces, não sei o teu cheiro, nem a que sabe, a boca, tua, que alguém beija, que apenas me toca, de leve, ritual que me cansa, me lembra o que não tenho, o que perdi,o que desejo.

Sem poder escapar, aqui estou, nesta espera diária que me traz insónia, cada noite, espero o sono chegar.
Espero que voltes, que me faças sentir.

Espero, apenas isso, sem mais, porque sei que se vou, se acordo desta espera, não te verei jamais.

Espero, ainda não estou preparado para dormir, para acordar.

Insónia que me atordoa o pensar, que labirinto mental emocional.
Que cegueira me envolve, que escolho não ver, sabendo que sim, minto a mim mesmo e digo me que tenho sono, que vou dormir e amanhã será diferente.

Paulo Marrachinho Soares

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Penso em ti

E de repente, estou outra vez a pensar em ti, como se nada tivesse acontecido, como se seguisses aí, para mim, como eu sigo aqui, para ti, sem condições, sem cobranças amargas.
Sim, penso em ti, não sei quantas vezes por dia, sim penso em ti, em nós.
O que fomos, tranquilidade na memória, no corpo.
O que somos, instáveis e pouco crentes.

Tenho medo de pensar no que vamos ser, nas incertezas de não saber, que será de ti, de mim, longe, sem memória conjunta, sem mais sentimentos que a saudade, da minha parte, da tua não sei, incerteza no pensamento.

Penso em ti, no que sou, na força e coragem de enfrentar tudo e todos.
Sou forte, mais do que aparento, mas sou mais e melhor a teu lado, contigo perco medos e descubro tudo que posso ser, apenas porque estás, porque me dás esse sorriso cheio de amor.
Sei que és mais do que vejo, sei que estar a teu lado te fazia melhor.

Agora não sei, apenas sinto, sinto medo de não saber de ti, de não saberes de mim.

Penso em ti,  nunca deixarei de o fazer, sem promessa, sem jura, apenas sei que é assim.

Amor, se é o que sinto quando te vejo, então todos deviam amar, ser amados porque é maravilhoso.

Paulo Marrachinho

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Estilhaços

Na vida fazemos escolhas, gostamos de acreditar que vemos tudo com clareza.
Não é assim, temos momentos em que tudo se turva, tudo se estilhaça e custa ver o que temos à frente, decidir um rumo.
Pensámos que nunca nos vai acontecer, até que um dia, baixamos ou desviamos o olhar e quando voltamos a olhar em frente apenas vemos estilhaços, tudo se parte e sabemos que por mais que tentemos não podemos arranjar o que se parte.

Mas aquilo que posso dizer é que mesmo não tendo solução para o estilhaçado, podemos olhar de novo e vislumbrar o mundo para lá dos estilhaços, do partido.
Então percebemos que as vidas são assim, cruzamentos entre pessoas, promessas que se rompem, desilusão e ilusão.
Escolher é necessário para evitar o sofrimento, escolho ver para lá do turvo, do partido, o mundo segue ali, à espera de mim, apenas preciso dar mais passos, andar, mudar o rumo, a visão aos poucos será mais nítida, mais segura e tudo parecerá inteiro novamente dando a confiança e segurança que se precisa para seguir, com outro sorriso, outra alegria.
Até que se volte a estilhaçar a visão, restando a esperança de termos tempo de viver enquanto os estilhaços não chegam, para por fim nos rompermos nós também, num último suspiro.

Paulo Marrachinho

domingo, 15 de novembro de 2015

Eu espero



Eu, espero o por-do-sol

Não sei o que me traz o futuro, estou inquieto, inseguro e receoso.
Sim, admito que sinto receio, por mim, pelos que amo e me amam.
Sinto dor, tristeza em mim, já vivi, mais do que eu próprio pensava, tive a oportunidade de ter uma adolescência fabulosa, uma vida de adulto, compensatória, amigos reais e família que me ama e cuida, tive a oportunidade de voltar a viver uma espécie de adolescência, descobrir novas amizades, aprender muitíssimas coisas e sentir o que é estar vivo e cheio de energia novamente.

 Acredito que a vida me brindou uma segunda chance, aproveitei e disfrutei das pessoas e das emoções.















Não desistirei, mesmo que tenha de abdicar de muitas coisas, que a dor não me abandone, aproveitarei todas as tréguas, para seguir até onde puder.

Adicionar legenda




Ainda que seja difícil o caminho, continuarei a ir ver o mar, se acaso não puder, terei a memória para o ver e sentir.










Quero esperar o por do sol, tranquilo, junto ao Mar, a sentir o que sou.
Sou assim, feito de água e sal.
Quando o meu sol se puser, voarei, livre.



Paulo Marrachinho

Hoje


Hoje

Hoje acordei e senti frio, tu não estavas,  sentei me na beira da cama e tremia enquanto sentia as lágrimas caírem deslizando pela cara até ao queixo.
Senti medo enquanto vestia o roupão, fino mas suficiente para me aconchegar enquanto procurava os chinelos que teimo em mandar sempre para debaixo da cama.
Depois de umas quantas tentativas consegui agarrar os dois e pude então calçar-me, sem deixar de pensar em ti, sai do quarto e deambulei  pela casa, mesmo sabendo que não te encontraria.
Tenho medo.
Não quero estar só, não posso estar só, perco o norte,o sul e qualquer ponto de orientação que me mantenha em algum rumo certo.

Preciso de regressar, que me abraces e sorrias de vez em quando.
Preciso de voltar a casa, deixar de ter medo e sentir o teu amor, 

Preciso de sentir o calor, suficiente para esperar que o sol se ponha, junto ao mar.