terça-feira, 14 de outubro de 2014

Escolhas

Escolhi, antes, depois e novamente.
A vida é feita de escolhas, eu escolhi.
Posso não conseguir fazer o que escolhi, todos os dias aprendo algo e todos os dias me falta algo por aprender.

Nem sempre se consegue fazer o que se quer.
Nem sempre se consegue fazer o que outros querem.
Nem sempre se pode fazer tudo, de esse modo, aprendi a escolher o mais importante ou o que me é permitido.
Vou até onde alcanço.
Aprendi hoje que desistir de algo não significa uma derrota, pode ser uma vitória. Para quem não sei.
Quando um ganha, outro perde, é assim.
Luto para estar nesta vida há tanto tempo que já não me incomoda a dor, a lágrima, quando é minha, apenas me incomoda a dor dos outros, por nada poder fazer para a evitar.
Aprendi hoje que é verdade, nunca fui muito diplomático, falo as verdades cedo demais, não sei ficar calado.
Escolho, por mim!
Escolhi acompanhar, escolhi fazer, escolhi estar, mesmo que não consiga chegar onde outros chegam, tento, mesmo quando é difícil de suportar, com o caracter que tenho, não me resulta fácil, mas escolhi, consegui livrar me do preconceito, dos prejuízos morais, das más atitudes. Todos podem escolher de forma diferente sempre, mas apesar de tudo, serão realmente capazes , as pessoas que me rodeiam, de escolher livres de preconceito? De realmente darem a mão?
Somos livres para escolher.
Eu escolhi. E tu?

Quando te livras tu de preconceitos e te preocupes em conhecer realmente as pessoas?

Podia ter sido

Podia ter sido em qualquer outro lado, mas não foi.
Cheguei a um sitio que se chama Valença, vai fazer 14 anos que aqui fiquei, porque assim o escolhi.
Podia ter sido em qualquer lado, mas não foi, podia dizer que foram as pessoas , as paisagens mas não, fui mesmo eu quem decidiu ficar aqui, nesta terra sem conhecer ninguém, precisava de me encontrar, de saber que me faltava fazer.
Escolhi mal, escolhi bem? Na altura não importava o sitio, apenas o sossego.
O tempo passou, do pouco que eu me sentia na altura, já não me quero lembrar, do importante que passei a ser na vida de algumas pessoas, não sei, apenas sei que algumas pessoas passaram a ser importantes para mim e quero manter isso na memória.
Fiz muitas coisas na minha vida, a mais importante foi viver e dar vida.
Nunca saberei ao certo, nunca terei certezas. Mas isso agora não importa mais.
O tempo passou, construi uma nova vida para mim, com as pessoas que me
mostraram gostar de mim, que viram dentro de mim quem sou, como sou, com virtudes, com defeitos.
Podia ter sido noutro lado, mas foi aqui, em Valença que me senti verdadeiramente feliz depois de muitos anos um pouquito perdido, encontrei o caminho que procurava.
Evoluir,aprender, recuperar o tempo é impossível. Já não sou jovem, ainda não sou velho, apesar de haver quem me trate como se tivesse 60 e apenas tenho 46.
Cumprir sonhos, esses sim posso tentar.
Podia ser noutro lado, talvez fosse mais fácil, mas não. Aqui em Valença decidi , uma vez que agora existe, desde há 12 para ser certo, uma Escola Superior, que me daca a oportunidade de fazer uma licenciatura. Podia ser noutro lado, afinal o exame que fiz podia ter feito noutro sitio, mais fácil, mais difícil, quem sabe?
Mas escolhi eu, apenas eu, que fosse en Valença, na ESCE, curso de Marketing, consegui. Estudei e fiz o exame, entrei com uma nota razoável, penso.
Senti que podia estar no sitio certo, ainda sinto.
Podia ser noutro lado, mas não, tem de ser ali, porque assim o escolhi. Assim o prometi e cumprirei.

domingo, 18 de maio de 2014

A árvore

Era uma arvore pequena, acabava de nascer. Na realidade ainda nem sabia que ia ser uma arvore.

Cresceu, cresceu e abrigou pássaros e insectos, entre tantos bichinhos que habitaram a árvore, houve um que ficou muito tempo, aí criou a sua família que também cresceu até que chegou um dia em que eram muitos.

Todos se alimentavam da árvore, e quanto mais comiam mais cresciam e se multiplicavam.

A árvore, viveu todo o tempo que pôde, mas foi enfraquecendo, aqueles bichinhos eram em cada vez maior número e ela não sabia como fazer para que se fossem embora, chamou pássaros para que os comessem mas era impossível, eram tantos e estavam cada vez mais dentro dela.

Aos poucos foi perdendo o brilho, as forças e a vida, deixou de conseguir alimentar se e os bichinhos já eram demasiados.

Já era tarde quando entendeu, não devia ter dado abrigo aos bichinhos, eram bichos da madeira, comiam madeira.

Também na vida dos humanos existem, algumas pessoas são assim, chegam, instalam se e quando se dá conta já é tarde.

Cuidado com os bichinhos, nunca se sabe, se ficam mais tempo do que outros, pensem bem.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Escolhas

Por vezes fazemos escolhas.que não queremos fazer realmente mas que a vida nos obriga. Por vezes acontece. Hoje é uma dessas vezes, assisto sem poder fazer nada, como uma dessas pessoas que se cruzam na minha vida tem de escolher, vender o que conseguiu com muito esforço para poder fazer face as suas despesas diarias, por culpa de algo que nunca entenderemos na totalidade. A crise económica, que se instalou socialmente e não abranda,para que meia dúzia, que dizem ser senhores, encherem os bolsos enquanto outros lutam para viver diariamente.
Na verdade entendo mas recuso aceitar a realidade que nos querem impor. Recuso o voltar atrás no tempo, recuso viver em 1927 porque nasci em 1968. Recuso a cegueira que se impõe aos nossos filhos e netos, recuso a falta de caráter de um ensino de entretenimento que apenas vai gerar um povo falsamente culto mas facilmente manobrável.
Entristece a realidade a falta de cores e sorrisos nas caras, magoa ver como as pessoas vivem com o mínimo possível e ainda assim vendem esse mínimo.

Passei em Lisboa, num edifício que foi remodelado não faz muito tempo, primeiro achei que era bom, dar um uso a instalações existentes e que estavam degradadas, ao parecer continua a ser uma escola embora especifica.
Mas entristeci e senti um não sei quê de revolta dentro de mim, ao verificar que se limpou e manteve e brilha como topo de um edifício semelhante obra, apologista da consolidação do Estado-Novo ( Ditadura, isso sim), após a revolta de Fevereiro de 1927.
Assistimos ao renascer da miséria, do despotismo e possivelmente de uma era que nos querem impor de Ordem-Trabalho, porque sim, porque querem, mas sem ganhos, sem direitos, porque não somos cidadãos merecedores de tal.
 Resta o consolo de que a história quando se repete, traz períodos maus e depois outros menos maus.

 Para quando um período de tempo BOM?

Paulo Soares

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Voltam as festas

Vão vir as festas,a esta altura já sei que eu e muitos, já não passam as festas, de natal e ano novo em família,nem sequer os Reis e por mais que um diga que os amigos também são família, nunca é a mesma coisa.
Realmente não é, pode ser agradável, ajuda a passar o dia, a época, mas depois é pior, saímos daquela solidão por momentos e quando volta, é quase insuportável, a dor aumenta de tal forma que acabamos por ficar apáticos, sem rumo novamente e apenas com memórias que sabemos irrepetiveis.
Por essa razão decidi que não, não vou passar épocas especiais com ninguém. Eu e Deus, será suficiente para abafar as lágrimas e enxugar as faces molhadas de tanta saudade.

Queria voltar a ter casa cheia, brincadeiras parvas e risas soltas por todos os cantos.

Sei que não é possível, mesmo a companhia desse sorriso que me oferecias, desapareceu.
Não me lembro quando, recordo apenas que existiu.

Voltam as festas, volta o sorriso, agora meu, obrigatório de vestir, nas sociais horas de que não consigo escapar.

Porei luzes e comprarei prendas como todos, ou talvez não.
Porei luzes, bolas de cores e brilhantes, flores e velas.
Desejarei como é devido que sejam felizes.
Voltam as festas, voltam os desejos, cumprimentos e sorrisos, serei simpático, mais que o normal, vou rir disfarçadamente, das hipocrisias, das minhas, dos outros.

Esperarei que passem, para poder ficar comigo mesmo,como sempre, nestes anos, que ainda recordo e terei saudades enquanto o fizer, desse sorriso que era meu.

Voltam as festas,
   Preparado, estou.
Abro a caixa dos sorrisos, sim, estou preparado.

Paulo Marrachinho Soares