sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Penso em ti

E de repente, estou outra vez a pensar em ti, como se nada tivesse acontecido, como se seguisses aí, para mim, como eu sigo aqui, para ti, sem condições, sem cobranças amargas.
Sim, penso em ti, não sei quantas vezes por dia, sim penso em ti, em nós.
O que fomos, tranquilidade na memória, no corpo.
O que somos, instáveis e pouco crentes.

Tenho medo de pensar no que vamos ser, nas incertezas de não saber, que será de ti, de mim, longe, sem memória conjunta, sem mais sentimentos que a saudade, da minha parte, da tua não sei, incerteza no pensamento.

Penso em ti, no que sou, na força e coragem de enfrentar tudo e todos.
Sou forte, mais do que aparento, mas sou mais e melhor a teu lado, contigo perco medos e descubro tudo que posso ser, apenas porque estás, porque me dás esse sorriso cheio de amor.
Sei que és mais do que vejo, sei que estar a teu lado te fazia melhor.

Agora não sei, apenas sinto, sinto medo de não saber de ti, de não saberes de mim.

Penso em ti,  nunca deixarei de o fazer, sem promessa, sem jura, apenas sei que é assim.

Amor, se é o que sinto quando te vejo, então todos deviam amar, ser amados porque é maravilhoso.

Paulo Marrachinho

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

sou feito de água e sal

Eu, sigo aqui, entre as ondas deste mar
No vento, no ar
Sigo aqui, no sol que te aquece
Nas mãos que te tocam
Em cada gesto, em cada olhar
Sou feito de tudo, de terra, fogo e ar
Sou feito de água e sal
Sou feito de água e sal
Sigo aqui, entre as árvores e os montes
Nos rios, cascatas e praias
Sou o fogo que arde sem parar
Sou o amor que te quero dar
Eu, sigo aqui, entre as ondas deste mar
Sou feito de água e sal
Estou aqui agora
Contigo na memória
Não posso esquecer, não quero, não quero esquecer
Seguirei em algum lugar, quando já não recordar, que sou feito de água e sal
Estarei em cada gesto, em cada olhar, recordarás que estive aqui, quando eu já não me lembrar.
Não quero máquinas, que me obriguem a respirar
Não quero químicos que me obriguem a estar
Quero ser, pertencer e estar, no teu colo
No teu abraço, entre as ondas do mar
Sou feito de água e sal
O mar, o mar é o meu lugar

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Estilhaços

Na vida fazemos escolhas, gostamos de acreditar que vemos tudo com clareza.
Não é assim, temos momentos em que tudo se turva, tudo se estilhaça e custa ver o que temos à frente, decidir um rumo.
Pensámos que nunca nos vai acontecer, até que um dia, baixamos ou desviamos o olhar e quando voltamos a olhar em frente apenas vemos estilhaços, tudo se parte e sabemos que por mais que tentemos não podemos arranjar o que se parte.

Mas aquilo que posso dizer é que mesmo não tendo solução para o estilhaçado, podemos olhar de novo e vislumbrar o mundo para lá dos estilhaços, do partido.
Então percebemos que as vidas são assim, cruzamentos entre pessoas, promessas que se rompem, desilusão e ilusão.
Escolher é necessário para evitar o sofrimento, escolho ver para lá do turvo, do partido, o mundo segue ali, à espera de mim, apenas preciso dar mais passos, andar, mudar o rumo, a visão aos poucos será mais nítida, mais segura e tudo parecerá inteiro novamente dando a confiança e segurança que se precisa para seguir, com outro sorriso, outra alegria.
Até que se volte a estilhaçar a visão, restando a esperança de termos tempo de viver enquanto os estilhaços não chegam, para por fim nos rompermos nós também, num último suspiro.

Paulo Marrachinho

domingo, 4 de agosto de 2024

Em mim

Sei que sou diferente, não há forma de esconder. Não sou como tu, tu falas, emites som, eu percebo o que dizes, o que pensas. É complicado para ti, não consegues evitar pensar. 
Sei o que sentes, gostaria que tu pudesses fazer o mesmo, sentir como sou, 

Perto

Longe de mim, o sono, que espero chegue a qualquer momento.
Longe de mim o tempo de sentir que tudo está bem.

Perto, a poucos metros de mim, estás, sei, sinto, oiço quando respiras.

Imagino teu corpo, recordo o teu coração, o teu sorriso que era meu, o olhar, a boca e o sabor, teu, meu.
Confundi o espaço, o cérebro, o sentimento, não era igual ao meu.

Perto, estive perto de realizar o sonho, acordei antes de tempo, não terminei de sonhar, tudo se rompe, nada era meu,teu.
Falso brilho no olhar, sorriso que já não me ofereces, não sei o teu cheiro, nem a que sabe, a boca, tua, que alguém beija, que apenas me toca, de leve, ritual que me cansa, me lembra o que não tenho, o que perdi,o que desejo.

Sem poder escapar, aqui estou, nesta espera diária que me traz insónia, cada noite, espero o sono chegar.
Espero que voltes, que me faças sentir.

Espero, apenas isso, sem mais, porque sei que se vou, se acordo desta espera, não te verei jamais.

Espero, ainda não estou preparado para dormir, para acordar.

Insónia que me atordoa o pensar, que labirinto mental emocional.
Que cegueira me envolve, que escolho não ver, sabendo que sim, minto a mim mesmo e digo me que tenho sono, que vou dormir e amanhã será diferente.

Paulo Marrachinho Soares

domingo, 5 de maio de 2024

Tempo

Falta o tempo que antes parecia muito.
Falta o tempo que passou.
Tanto por fazer e nem sequer consigo dormir, deveria estar cansado e na verdade estou, mas da falta de tempo ou da minha incapacidade de gerir i tempo que tenho.
Quanto tempo tenho? De idade, de vida realmente vivida, desperdiçada ou agarrada.
Quanto tempo ainda terei.
Tempo que me falta para ter tempo para tudo.
Que é tudo? Será muito ou pouco do que penso.
Falta tempo para palavras, falta tempo para fazer.
Que tempo falta para deixar de estar preso ao tempo.

Filosofia da minha incapacidade de ganhar tempo.

Paulo Marrachinho

sábado, 4 de novembro de 2017

Obrigado J

As pessoas que passam pela minha vida ou eu pela delas, são bastantes, algumas recordo, outras não, o mesmo deve acontecer a essas pessoas que se cruzam comigo de alguma forma.

Nestes últimos anos, muita gente nova, digo nova, uma vez que são novos em idade.

Alguns destes seres, vejo crescer, outros, nem por isso.
Entendo os que tentam sobressair de alguma maneira no meio social em que se inserem, na verdade, hoje em dia se não te destacas em nada, não existes, passas a segundo ou terceiro plano.

A comunidade é exigente, por culpa das nossas próprias escolhas.

É bonito essa história de sermos todos iguais, mas no fim, uns são mais iguais que outros, então começa a realidade.

Gostei de saber que alguém escolheu por si e para si.

Desistir é para os fracos, dizem muitos.

Na verdade, muitas vezes desistir é ir de encontro ao que realmente se quer.

Pouco falei com esta pessoa, que prefere outro caminho, mais tarde, a fazer agora um com o qual não se identifica.
Apenas lhe pude dar os parabéns, por ter tido coragem de desistir, do curso em que estava, para ser ela mesma, sem ter de agradar a ninguém, excepto ela.

Simpática, inteligente e pequena de altura mas enorme de coração, em pouco tempo ensinou me mais do que pessoas que conheço há muito mais tempo.

É a segunda pessoa que faz este tipo de escolha, uma conheci melhor, esta menos.
Apenas sei que a vou recordar.

De Marketing para Biologia, vai uma diferença, sei que conseguirás.

Obrigado pela paciência e tempo.

Até um dia

Paulo Marrachinho