Pequenas historias,das quais poderei ou não fazer parte,de personagens que se cruzam na minha vida.As pequenas vivências que fazem as vidas melhores ou piores.Se por acaso fizer referencia a alguém que queira que retire o seu nome , é só dizer. De qualquer modo os nomes , a partir de certa altura deixam de ter importância, aquilo que se faz ou não, isso sim ,deixa marca.
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
sou feito de água e sal
terça-feira, 6 de agosto de 2024
Estilhaços
Na vida fazemos escolhas, gostamos de acreditar que vemos tudo com clareza.
Não é assim, temos momentos em que tudo se turva, tudo se estilhaça e custa ver o que temos à frente, decidir um rumo.
Pensámos que nunca nos vai acontecer, até que um dia, baixamos ou desviamos o olhar e quando voltamos a olhar em frente apenas vemos estilhaços, tudo se parte e sabemos que por mais que tentemos não podemos arranjar o que se parte.
Mas aquilo que posso dizer é que mesmo não tendo solução para o estilhaçado, podemos olhar de novo e vislumbrar o mundo para lá dos estilhaços, do partido.
Então percebemos que as vidas são assim, cruzamentos entre pessoas, promessas que se rompem, desilusão e ilusão.
Escolher é necessário para evitar o sofrimento, escolho ver para lá do turvo, do partido, o mundo segue ali, à espera de mim, apenas preciso dar mais passos, andar, mudar o rumo, a visão aos poucos será mais nítida, mais segura e tudo parecerá inteiro novamente dando a confiança e segurança que se precisa para seguir, com outro sorriso, outra alegria.
Até que se volte a estilhaçar a visão, restando a esperança de termos tempo de viver enquanto os estilhaços não chegam, para por fim nos rompermos nós também, num último suspiro.
Paulo Marrachinho
domingo, 4 de agosto de 2024
Em mim
Perto
Longe de mim, o sono, que espero chegue a qualquer momento.
Longe de mim o tempo de sentir que tudo está bem.
Perto, a poucos metros de mim, estás, sei, sinto, oiço quando respiras.
Imagino teu corpo, recordo o teu coração, o teu sorriso que era meu, o olhar, a boca e o sabor, teu, meu.
Confundi o espaço, o cérebro, o sentimento, não era igual ao meu.
Perto, estive perto de realizar o sonho, acordei antes de tempo, não terminei de sonhar, tudo se rompe, nada era meu,teu.
Falso brilho no olhar, sorriso que já não me ofereces, não sei o teu cheiro, nem a que sabe, a boca, tua, que alguém beija, que apenas me toca, de leve, ritual que me cansa, me lembra o que não tenho, o que perdi,o que desejo.
Sem poder escapar, aqui estou, nesta espera diária que me traz insónia, cada noite, espero o sono chegar.
Espero que voltes, que me faças sentir.
Espero, apenas isso, sem mais, porque sei que se vou, se acordo desta espera, não te verei jamais.
Espero, ainda não estou preparado para dormir, para acordar.
Insónia que me atordoa o pensar, que labirinto mental emocional.
Que cegueira me envolve, que escolho não ver, sabendo que sim, minto a mim mesmo e digo me que tenho sono, que vou dormir e amanhã será diferente.
Paulo Marrachinho Soares